17/10/24
Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado queimadas em proporções alarmantes, causando impactos severos nos solos, vegetações e plantações. Esse cenário é particularmente crítico em biomas como o Cerrado e o Pantanal, onde o fogo, que faz parte do ciclo ecológico natural, tem ocorrido com uma frequência e intensidade muito além do normal, prejudicando a capacidade de recuperação desses ecossistemas.
O Biólogo Gustavo Figueiroa, diretor de comunicação e engajamento do Instituto SOS Pantanal, destaca as consequências devastadoras do excesso de queimadas: “Após esses incêndios, o solo, a vegetação e as plantações ficam profundamente afetados. Se o fogo ocorresse em níveis controlados, como é natural no Cerrado e no Pantanal, a ciclagem de nutrientes seria mais equilibrada”, explica. Quando utilizado de forma controlada e com baixa frequência, o fogo pode ser benéfico, promovendo a renovação do solo e a diversidade de espécies. No entanto, o fogo em alta intensidade e repetição destrói florestas, compromete a agricultura e esgota os recursos do solo.
Com a chegada da temporada de chuvas, há uma expectativa de regeneração dos biomas atingidos, mas essa recuperação está se tornando cada vez mais desafiadora. “A janela de resiliência dos biomas está se estreitando devido à crescente frequência e intensidade das queimadas que temos visto nas últimas décadas”, alerta Figueiroa. Isso significa que o tempo necessário para a regeneração natural está diminuindo, tornando a restauração completa das áreas degradadas mais difícil.
O futuro também parece preocupante, especialmente diante das previsões climáticas para o próximo ano. “A expectativa para o ano que vem é ainda pior, com uma grande probabilidade de seca severa”, ressalta o biólogo. Ele reforça a necessidade urgente de investir em prevenção para evitar uma nova temporada de queimadas ainda mais devastadora: “Se não nos prepararmos, o próximo ano pode trazer um cenário de incêndios ainda mais intensos.”
As mudanças climáticas têm exacerbado esses eventos, criando condições cada vez mais extremas e imprevisíveis. “O planeta está mudando, e os extremos climáticos estão se tornando mais frequentes devido às alterações climáticas”, afirma Figueiroa. “A tendência é que esses episódios de fogo ocorram com maior regularidade e intensidade no futuro.”
Diante desse cenário, as ações de prevenção e combate às queimadas, além de políticas eficazes de adaptação às mudanças climáticas, são essenciais para minimizar os danos e preservar os biomas brasileiros. O conhecimento científico e técnico oferecido por biólogos(as) e especialistas é fundamental na busca por soluções sustentáveis para enfrentar esse desafio crescente.
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