5/08/20
“Testar, testar e testar”. Foi assim que o Biólogo Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), enfatizou a importância da ampla realização de testes para diagnóstico da COVID-19, numa coletiva de imprensa realizada em abril. Naquela ocasião, Tedros ressaltou que não se pode combater um vírus se não souber onde ele está. A testagem em massa é fundamental para que os gestores públicos possam identificar onde há ocorrência do vírus e adotar as medidas necessárias para contenção da pandemia.
O Biólogo Robson Michael Delai (CRBio 50.652/07-D), que atua no Centro de Medicina Tropical, unidade de Biologia Molecular da Fundação de Saúde Itaiguapy, e é conselheiro suplente do Conselho Regional de Biologia da 7ª Região – CRBio-07, destaca quais são os testes utilizados no diagnóstico, o tempo que se leva até o resultado e a precisão.
Como ocorre com outros vírus respiratórios, o teste molecular de PCR em tempo real (RT-PCR – transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase) é considerado a “metodologia ouro” também para o SARS-COV2, causador da doença COVID-19. É uma metodologia já utilizada há algum tempo por laboratórios que trabalham com vigilância epidemiológica, como o caso de alguns LACENs (laboratórios centrais) e outros laboratórios públicos e privados que monitoram vírus respiratórios.
Existe um programa de vigilância mundial da gripe, composto por centros colaboradores da OMS e mais de 140 laboratórios cadastrados em diversos países. No Brasil são Adolfo Lutz (SP), Evandro Chagas (PA) e Fundação Osvaldo Cruz – FIOCRUZ (RJ).
O teste de PCR detecta a presença do material genético do vírus em uma amostra de material coletado em um paciente suspeito ou com sintomas de síndromes respiratórias. A partir dessa informação outras são geradas, inclusive para produzir vacinas (como as da gripe e H1N1), permitindo atualizar a informação de modificações (mutações) que os vírus sofrem durante os diferentes anos, e tornando-as mais eficazes no combate e imunização a essas patologias.
Para a COVID-19/SARS-COV2 não foi diferente. Protocolos de PCR em tempo real foram criados para identificar a presença do novo vírus em material coletado de região nasal e orofaríngea, sendo possível utilizar aspirado traqueal de pacientes internados e intubados.
O tempo ideal de coleta para PCR é até o sétimo dia de sintomas, tendo o pico entre o terceiro e o quinto dia, e a especificidade do exame é de 100%. O resultado positivo desse exame indica que o vírus está ativo ou então a pessoa teve contato recente com ele. Os resultados variam de laboratório para laboratório. Alguns liberam em até 24 horas para pacientes internados e até cinco dias úteis para pacientes ambulatoriais. “Aqui no Hospital Ministro Costa Cavalcanti estamos trabalhando com até seis horas para entregar o resultado para pacientes ambulatoriais e três horas e meia para pacientes internados. Os resultados também servem como teste para saber onde ou em que ala específica o paciente vai ser internado, evitando assim contato entre pacientes positivos e não positivos”, afirma Robson.
Outros testes utilizados no diagnóstico
Os testes sorológicos identificam a presença dos anticorpos Imunoglobulina G(IgG) e Imunoglobulina M(IgM) no material coletado – soro ou sangue – e apresentam algumas variantes.
O teste de quimiluminescência possui sensibilidade de 98%. Identifica a presença do anticorpo após quinze dias dos sintomas. Os resultados saem em até dois dias úteis.
O ELISA(do inglês Enzyme-Linked Immunosorbent Assay, ou ensaio de imunoabsorção enzimática) tem sensibilidade de 96%. Identifica a presença do anticorpo após dez dias dos sintomas. Os resultados são obtidos em até dois dias úteis.
Já os testes rápidos têm sensibilidade discutível (55%, 76%, 92%). Dependem da marca, do período de fabricação e outros fatores. Identificam a presença do anticorpo após quinze dias dos sintomas. Os resultados são divulgados em até dois dias úteis, mas geralmente são liberados em três horas para pacientes internados e 24 horas para ambulatoriais, dependendo do laboratório ou instituição que realiza o teste.
Nos testes, o IgM positivo indica que o paciente teve contato recente com o vírus ou que a doença está ativa, ou seja, o indivíduo ainda pode estar doente. Já o IgG positivo sugere que houve contato prévio com o vírus ou infecção passada (não se sabe se o indivíduo está imune).
“Para todos os testes é muito importante seguir a orientação médica. Após a avaliação o paciente saberá qual exame deve ser feito, evitando gastos desnecessários e possibilitando um diagnóstico mais preciso”, salienta o Biólogo.