Sustentabilidade organizacional: Gestão Integrada em Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade

* Por Eduardo Videla – Biólogo / MsC. Ciência Ambiental

O conceito de sustentabilidade nos leva, em um primeiro momento, a refletir sobre ações ambientais que minimizem os níveis de degradação e possibilitem garantir o atendimento das necessidades presentes sem com isso comprometer o atendimento às necessidades das gerações futuras, conceito que é mais amplamente conhecido como desenvolvimento sustentável.

Existe, porém, outra vertente ainda pouco conhecida, a da sustentabilidade organizacional ou empresarial, caracterizada pela adoção, por parte das organizações, de políticas internas que permitem a sinergia dos conceitos de desenvolvimento sustentável, responsabilidade social, produção mais limpa e certificação ambiental.

Nesse contexto, apresenta-se a Gestão Integrada em Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade, constituindo uma das mais importantes ferramentas de gerenciamento utilizada atualmente pela grande maioria das organizações.

Esse sistema de gestão, ao contrário do que muitos imaginam, não é exclusividade de grandes corporações nacionais ou multinacionais e, tampouco, exige complexos instrumentos de controle. É perfeitamente viável implantar um sistema integrado em QSMS a um baixo custo operacional e com um excelente nível no alcance de metas em qualquer empreendimento. Sendo assim, especificaremos abaixo os seis pilares principais para desmitificar as dificuldades e obter resultados positivos com um sistema de gestão integrado enxuto, atualizado e eficiente.

1 – Tenha uma visão macro do modelo de sustentabilidade desejado

O primeiro passo rumo à sustentabilidade e, consequentemente a um sistema de gestão eficiente é visualizar o ambiente como um todo. Faça uma lista com os objetivos e metas principais que deseja alcançar e outra com as dúvidas e dificuldades apresentadas. A partir daí elabore uma Política que nada mais é do que uma “receita de bolo” que contem todos os passos desejados e as ações necessárias para o alcance dos objetivos. Em relação às dificuldades e dúvidas, busque informações, faça reuniões com sua equipe e tenha como hábito incentivar novas ideias, pois muitas vezes as soluções encontram-se “dentro de casa”.

2 – Capacite sua força de trabalho
Os maiores ativos para o sucesso de seu empreendimento são os recursos humanos. Identifique e valorize os talentos individuais e invista em capacitação. Todo acidente é evitável e pode ser controlado.

Um simples exemplo: Em um restaurante, alguém da cozinha sofre um corte profundo na mão durante o preparo de uma carne. A utilização de luva de malha de aço previne 90% do risco da ocorrência desse acidente. Esse simples acidente gera um custo direto e um indireto. Custo direto: O afastamento do colaborador, custos com tratamento médico, indenizações, etc. Custo indireto: Perda de tempo, uma vez que os outros colaboradores ficarão impressionados com o acidente e a produtividade cai, custos com o treinamento de um novo colaborador para o lugar daquele acidentado, evasão de clientes que ficam com medo de frequentarem o local, etc. O mesmo se aplica para acidentes ou incidentes ambientais.

3 – Controle e gerenciamento dos riscos
Para os riscos relacionados a acidentes e incidentes relacionados ao trabalho existe a planilha de riscos e perigos e para acidentes e incidentes de ordem ambiental existe a planilha de aspectos e impactos. As duas são bem similares e de fácil preenchimento.

Vejam abaixo:

4 – Gerenciamento de resíduos
A redução na geração de resíduos representa um grande passo na busca pela sustentabilidade. Busque sempre o reaproveitamento dos materiais, entretanto, em alguns casos não é em curto prazo viável. Nessas situações o foco deve ser direcionado para a correta segregação, acondicionamento e destinação dos resíduos, de forma a garantir que os mesmos sejam enviados dentro dos padrões ambientais a locais corretos para destinação final. Uma metodologia de rastreabilidade deve ser implantada para avaliação posterior dos percentuais alcançados.

5 – Marketing Institucional
Todas as ações realizadas devem ter publicidade. A participação social, contemplando a circunvizinhança, associação de moradores, estabelecimentos comerciais e organizações não governamentais é imprescindível para a disseminação de uma cultura sustentável e, consequentemente a ampliação da rede ambiental. Apoie projetos de ordem ambiental que possibilitem da mesma forma a inclusão social. O reconhecimento de empreendimento ambientalmente responsável será automaticamente agregado à sua marca e possibilitará a oportunidade de novos negócios.

6 – Avaliação do ciclo de melhoria contínua
Mais conhecido como PDCA do inglês Plan, Do, Check and Act (Planejar, Fazer, Checar e Agir). Este formato permite que sejam avaliados os pontos críticos e os desvios encontrados. O ciclo do PDCA é uma retroalimentação do sistema, propiciando novas ações, correções de desvios e metas.

Um sistema de gestão integrada em segurança, saúde, meio ambiente e qualidade quando bem aplicado permite resultados significativos. Ao mesmo tempo consolida a sustentabilidade organizacional como uma tendência do empreendedorismo moderno, onde as soluções criativas interagem harmonicamente com os clamores ambientais e sociais da atualidade.