19/12/22
O Parque Zoobotânico Arruda Câmara, mantido pela Prefeitura de João Pessoa e localizado no bairro do Róger, concentra grande variedade de pássaros, com exuberância de cores, tamanhos e cantos. A população da Capital tem o privilégio de poder ouvir e ver de perto mais de 100 espécies no local. Todas as aves, bem como os mais de 400 animais do Parque, recebem cuidados diários de uma equipe de profissionais dedicados e zelosos.
Praticamente todas as aves abrigadas na Bica, como é popularmente conhecido o Parque, foram encaminhadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou pela Polícia Ambiental. “Essas aves, em geral, são fruto de apreensões de tráfico, criadouros clandestinos ou foram resgatados e necessitavam de tratamento médico veterinário”, explica Thiago Nery, diretor da Divisão de Zoológico do Parque.
O Recinto dos Pássaros foi projetado para que o visitante do zoológico tenha acesso ao local e tenha a possibilidade de desfrutar da experiência do contato mais próximo a esses animais. Porém, a liberação desse acesso está suspenso, temporariamente, devido o período da reprodução de algumas espécies. “No período de reprodução algumas espécies ficam agressivas. Nossa opção é manter o local fechado ao acesso do público em geral para garantir a segurança e bem-estar dos animais durante esse período delicado” explica a bióloga.
Ela chama atenção ainda para o fato de algumas dessas aves estarem em situação de vulnerabilidade e risco de extinção, a exemplo da Arara Azul – a maior espécie que existe no viveiro – e a Jacucaca, que se reproduz bem em cativeiro. “Os psitacídeos, que são os grupos de aves que incluem os papagaios, araras e periquitos, são as aves mais visadas pelos traficantes pela exuberância das cores e pelo interesse de muitos para criação como animal de estimação doméstico”.
Curiosidade
A bióloga Marília Maia cita uma curiosidade dos psitacídeos. Segundo ela, algumas espécies, como os papagaios, desenvolvem uma dependência afetiva com o parceiro ou com a pessoa que adota como bicho de estimação. Na ausência desse vínculo o pássaro se mutila arrancando as próprias penas. “Eles criam vínculos, têm ciúmes e se não têm atenção começam a se mutilar. Esse é um dos problemas do tráfico. A maior parte das pessoas que pega pra criar clandestinamente não tem informação sobre o animal. Nós já recebemos vários feridos”.
Entre os animais com comportamento singular está a arara azul Blue. Tagarela, ela emite vários sons, entre eles o som de uma risada e também diz ‘tchau’, mas não é muito amistosa com novos visitantes do Recinto das Aves. O tratador da Bica, Ediniz, que se dedica a cuidar dos animais do Parque há 47 anos, sempre fica com ela nos braços para acalmá-la. “Durante as visitas cuido dela, porque ela fica agitada e corre o risco de atacar as pessoas e seu bico pode machucar bastante”.
Já a pomba Asa Branca, imortalizada na voz de Luiz Gonzaga, segue no caminho oposto. É dócil e convive tranquilamente com os tratadores e visitantes e apesar de ser a mais nova no recinto já está muito à vontade no local.
O Recinto das Aves agrupa famílias inteiras. A exceção fica para aves que se alimentam de ovos ou filhotes de outras espécies, a exemplo, do gavião e da coruja, pássaros predadores. As aves de rapina ficam em outros recintos agrupados pela mesma espécie. O zoológico conta com duas espécies de coruja – Murucututu e Orelhuda; seis espécies de gavião – Carijó, Asa de Telha, Caboclo, Caranguejeiro e Curucuturi; Carcará e um casal de águias-chilenas – as mais antigas do Parque.
“Sempre que recebemos novas aves no Parque fazemos um monitoramento para acompanhar o comportamento. Caso esteja agressivo retiramos do convívio do grupo e deixamos a ave isolada, em quarentena, para que quando volte ao convívio coletivo seja na condição de submisso e não como dominante” explica.
A exuberância das aves chama a atenção do público visitante do parque. Lucas, de 7 anos, adorou a Coruja Orelhuda e disse que vai pedir ao pai pra trazê-lo sempre a Bica pra ver os bichos.
Foto: Dayse Euzébio
Outras espécies
Além das aves do Recinto e das aves de rapina, o Parque Arruda Câmara abriga também aves aquáticas como o pato real, ganso africano e marrecos, da espécie Toucinho, Irerê e Asa de Seda – da família dos Anatídeos. Essas aves vivem livres em espaço aberto, no lago junto à fonte natural de água potável – chamada de Fonte Tambiá.
Alimentação
As aves do Recinto comem ração e frutas duas vezes ao dia. Os gaviões e outras aves de rapina são carnívoros e se alimentam de carne e frango todas as manhãs. Já os animais de vida livre – patos, marrecos e gansos comem ração de crescimento e xerém pela manhã e frutas no período da tarde.
Alerta
A Bica não recebe animais de terceiros. O cidadão que tiver animais silvestres deve levá-lo ao Ibama. O Parque recebe animais vindos através do Ibama que não tenham mais condições de viver em seu habitat natural, geralmente, apreendidos em ações de fiscalização da Polícia Ambiental ou do Ibama. “Os zoológicos são instituições que abrigam animais resgatados ou aqueles que nascem em cativeiro. Animais que muitas vezes não tem condições de serem soltos na natureza”, ressalta Helze.
Para ela, os zoológicos têm, ainda, a função educativa em suas práticas de conscientização ambiental sobre a importância de preservar a biodiversidade e a conservação de animais ameaçados. “No parque, crianças e adultos aprendem que esses espaços abrigam animais de diversas regiões do Brasil e de outras partes do mundo e que na Bica, como em outros locais semelhantes, devemos fazer silêncio, não alimentar os animais, não tirar fotos com flash e ter respeito a todos eles”.
Visitas
O Parque Zoobotânico Arruda Câmara é localizado na avenida Gouvêia Nóbrega, s/n, no Baixo Róger. Funciona de terça-feira a domingo, de 8h às 12h e 13h às 17h, sendo que a entrada no Parque é até as 11h (pela manhã) e até às 16h (à tarde). O valor do ingresso é R$ 2,00. Idosos acima de 65 anos de idade e crianças até sete anos não pagam. O telefone para contato é 3218-9710.
Fonte: Prefeitura de João Pessoa
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