30/06/22
Como aumentar conhecimentos científicos, desenvolver capacidade de pesquisas e transferir tecnologia marinha: este é o tema do diálogo de alto-nível marcado para a manhã desta quinta-feira na Altice Arena, em Lisboa.
O penúltimo dia da Conferência dos Oceanos abre espaço para quem mais entende do assunto: cientistas e especialistas em oceanografia de vários países. Segundo as Nações Unidas, o “financiamento dos governos para a ciência dos oceanos continua modesto e enfrenta, na maioria dos países, desafios ligados à sustentabilidade”.
Pesquisas sobre o papel dos oceanos para energia, carbono e ciclos da água, além dos impactos para a mudança climática e biodiversidade marinha são “críticas para entender oportunidades e opções para a mitigação dos oceanos”.
O controle sustentável dos recursos marinhos depende de dados, de informações e da partilha de conhecimentos, e a proposta do diálogo que ocorre na Conferência dos Oceanos é mesmo esta: dar a voz a quem tem dedicado a própria vida a estudar as riquezas do fundo do mar.
Uma das mais renomadas especialistas mundiais no assunto é a bióloga marinha Sylvia Earle. A americana veio a Lisboa e durante uma entrevista à TV ONU, ela sugeriu uma reflexão sobre os impactos das ações humanas para a natureza.
Sylvia Earle, 86 anos, explica que existe apenas 10% da população de tubarões no mar e que o volume de atum nos oceanos está no nível mais baixo desde que ela era criança.
A bióloga defende que deixemos no oceano toda a vida a que ele pertence e afirma que o momento é crítico, sendo a conferência “a melhor chance para encontrar um lugar dentro dos sistemas naturais que nos mantenha vivos.”
Segundo a Unesco, mulheres na ciência, como Sylvia Earle, representam 38% dos pesquisadores focados no estudo dos oceanos. Os recursos disponíveis também são inadequados: os investimentos em ciências dos oceanos representam em média menos de 2% dos orçamentos nacionais para pesquisas.
O cientista-chefe da Fundação Oceano Azul contou à ONU News, de Lisboa, que “sem um oceano saudável não há vida no planeta”. Emanuel Gonçalves reforça o apelo para que a situação atual seja invertida.
“Aquilo que temos feito para o oceano, que é promover uma economia que destrói este mesmo oceano, não pode continuar. Temos de inverter essa nossa maneira de usar e de abusar o oceano. O alto-mar é mais da metade deste oceano global e nós precisamos de proteger este alto-mar se queremos chegar aos objetivos internacionais de proteger 30% do oceano até 2030.”
Segundo o cientista Emanuel Gonçalves, ao “absorver mais de um quarto de todo o CO2 que é colocado pela atividade humana na atmosfera, percebemos que o planeta já não era mais habitável para os humanos se o oceano não estivesse cá.”
A Conferência dos Oceanos da ONU terminará na sexta-feira, com a assinatura de uma declaração com medidas concretas em prol dos oceanos. Para Emanuel Gonçalves, a enorme mobilização que tem sido feita pela sociedade civil por soluções tem sido essencial para o sucesso do encontro.
Fonte: ONU News
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