26/02/19
É com profundo pesar que o Conselho Federal de Biologia – CFBio recebeu nesta segunda-feira (25) a notícia do falecimento do Biólogo Paulo Nogueira Neto, aos 96 anos, após falência múltipla dos órgãos. “É uma perda muito grande, não só para a Biologia, mas para o País”, lamentou o presidente do CFBio, Wlademir João Tadei.
Reconhecido nacional e internacionalmente pelo trabalho em defesa da conservação do meio ambiente, Paulo Nogueira Neto foi o primeiro presidente do Conselho Federal de Biologia (1983-1985), tendo participado ativamente na década de 1970 da luta pelo reconhecimento da profissão no Brasil. É um dos fundadores da Associação Paulista de Biólogos (APAB), que lutou com afinco pela regulamentação da profissão de Biólogo, o que aconteceu em 3 de setembro de 1979, com a sanção da Lei nº 6.684.
Nogueira Neto é graduado em Ciências Jurídicas e Sociais (1945) e em História Natural (1958) pela Universidade de São Paulo (USP), tendo concluído doutorado em Ciências Biológicas (Zoologia) também pela USP, em 1963, sobre a arquitetura dos ninhos de abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae).
Foi um dos fundadores do Departamento de Ecologia Geral no Instituto de Biociências da USP, onde atuou como professor titular de Ecologia durante muitos anos, com ênfase nos temas: abelhas sem ferrão, comportamento, populações, sobrevivência e criação de abelhas. Foi ainda presidente e fundador da mais antiga associação conservacionista em existência no Brasil, a Associação de Defesa do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (ADEMA/SP), e presidente da Fundação Florestal.
Entre 1974 e 1986, foi convidado para dirigir e organizar a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), função hoje equivalente a de ministro, sendo considerado o “criador da política ambiental brasileira” e um dos formuladores do conceito de desenvolvimento sustentável. Articulador da criação de grande parte das unidades de conservação federais, Paulo Nogueira Neto também foi o formulador das principais leis de proteção do meio ambiente brasileiras.
Pertenceu (1983-1986) à comissão Brundtland das Nações Unidas, sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, onde foi um dos representantes da América Latina. Foi eleito por duas vezes vice-presidente do programa O HOMEM E A BIOSFERA (MAB) da UNESCO, com sede em Paris. Recebeu, em 1981, juntamente com Maria Thereza Jorge Pádua, o Prêmio Paul Getty, láurea mundial no Campo de Conservação da Natureza, e o Prêmio Duke of Edinburgh, em 1997, da WWF Internacional. Foi distinguido com a Ordem de Rio Branco (do Brasil) e com a Comenda da Arca Dourada (1983), dos Países Baixos, também pela sua atuação conservacionista.
O legado deixado por Paulo Nogueira Neto para os Biólogos e para a sociedade, assim como sua dedicação e pioneirismo, será sempre motivo de inspiração e estímulo para todos nós.
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