9/02/18
Após ciclo de surto no ano de 2017, a Febre Amarela se tornou foco das atenções públicas e de instituições voltadas para a Saúde Pública no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, no ano passado, foram confirmados 779 casos de febre amarela e 262 mortes. De 1o julho de 2017 a 06 de fevereiro deste ano, 353 casos da doença foram confirmados, sendo que 98 vieram a óbito.
Os casos na região Sudeste envolveram, principalmente, residentes de zonas rurais ou pessoas que tiveram contato com áreas silvestres por motivos de trabalho ou lazer. Portanto, os cuidados devem ser redobrados para os viajantes que se deslocarem para zonas rurais e áreas de mata.
=> Confira aqui a lista dos municípios com recomendação de vacina.
Os casos de febre amarela registrados no País permanecem no ciclo silvestre da doença, sendo transmitidos pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, encontrados em ambientes de mata. O último caso de febre amarela urbana foi registrado no Brasil em 1942.
Tendo em vista o papel dos Biólogos na pesquisa e no desenvolvimento de estratégias preventivas contra febre amarela, o Conselho Federal de Biologia – CFBio elencou a seguir as principais “perguntas e respostas” relacionadas à doença, com o objetivo de informar a população sobre causas, transmissão, sintomas, tratamento e prevenção.
O que é a Febre Amarela?
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos vetores, e possui dois ciclos de transmissão: silvestre (quando há transmissão em área rural ou de floresta) e urbano. O microorganismo envolvido é o vírus Arbovírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae.
Como ocorre a transmissão?
A febre amarela ocorre nas Américas do Sul e Central, e em alguns países da África, sendo transmitida por mosquitos em áreas urbanas ou silvestres. Sua manifestação é idêntica em ambos os casos de transmissão, pois o vírus e a evolução clínica são os mesmos – a diferença está apenas nos transmissores. No ciclo silvestre, em áreas florestais, o vetor dafebre amarelaé principalmente o mosquito Haemagogus e do gênero Sabethes. Já no meio urbano, a transmissão se dá através do mosquito Aedes aegypti (o mesmo da dengue). A infecção acontece quando uma pessoa que nunca tenha contraído a febre amarela ou tomado a vacina circula em áreas florestais e é picada por um mosquito infectado. Ao contrair a doença, a pessoa pode se tornar fonte de infecção para o Aedes aegypti no meio urbano. Além do homem, a infecção pelo vírus também pode acometer outros vertebrados. Os macacos podem desenvolver a febre amarela silvestre de forma inaparente, mas ter a quantidade de vírus suficiente para infectar mosquitos. O macaco não transmite a doença para os humanos, assim como uma pessoa não transmite a doença para outra. A transmissão se dá somente pelo mosquito.
Quais são os sintomas?
Geralmente, quem contrai este vírus não chega a apresentar sintomas ou os mesmos são muito fracos. As primeiras manifestações da doença são repentinas: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina) e cansaço intenso. A maioria dos infectados se recupera bem e adquire imunização permanente contra a febre amarela.
Como tratar?
Não existe nada específico. O tratamento é apenas sintomático e requer cuidados na assistência ao paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado. Nas formas graves, o paciente deve ser atendido numa Unidade de Terapia Intensiva. Se o paciente não receber assistência médica, ele pode morrer.
Como prevenir?
A única forma de evitar a febre amarela silvestre é a vacinação contra a doença. A vacina é gratuita e está disponível nos postos de saúde em qualquer época do ano. Ela deve ser aplicada 10 dias antes da viagem para as áreas de risco de transmissão da doença. Pode ser aplicada a partir dos 9 meses e é válida por 10 anos. A vacina é contra-indicada a gestantes, imunodeprimidos (pessoas com o sistema imunológico debilitado) e pessoas alérgicas a gema de ovo. A vacinação é indicada para todas as pessoas que vivem em áreas de risco para a doença (zona rural da Região Norte, Centro Oeste, estado do Maranhão, parte dos estados do Piauí, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), onde há casos da doença em humanos ou circulação do vírus entre animais (macacos).
E a vacina fracionada? Funciona?
Entre janeiro e março deste ano, 77 municípios dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia irão realizar campanha de vacinação com doses fracionadas e padrão contra a febre amarela. O objetivo é evitar a expansão do vírus para áreas próximas de onde há circulação atualmente. No total, 21,7 milhões de pessoas destes municípios deverão ser vacinadas na campanha, sendo 16,5 milhões com a dose fracionada e outras 5,2 milhões com a dose padrão. A adoção do fracionamento das vacinas é uma medida preventiva que será implementada em áreas selecionadas, durante período determinado de 15 dias. A estratégia de fracionamento da vacina é recomendada pela OMS quando há aumento de epizootias e casos de febre amarela silvestre de forma intensa, com risco de expansão da doença em cidades com elevado índice populacional e que não tinham recomendação para vacinação anteriormente. A dose fracionada tem mostrado a mesma proteção que a dose padrão. Estudos em andamento continuarão a avaliar a proteção posterior a esse período.
=> Confira a lista das cidades da campanha de vacinação com dose fracionada
Qual a diferença entre a vacina padrão e a vacina fracionada?
A única diferença está no volume. A dose padrão (0,5 Ml) protege por toda a vida, enquanto a dose fracionada (0,1 Ml) protege por pelo menos oito anos, segundo estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz).
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