20/05/20
De acordo com a Lei nº 8.080/90, a vigilância epidemiológica é o conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.
Bacharel e licenciada em Ciências Biológicas (Unirio), especialista em Imuno-hematologia (UFRJ), mestre em Zoologia (MN-UFRJ) e doutora em Saúde Coletiva (IESC-UFRJ), Bárbara Gadelha (CRBio 078409/02-D) é servidora pública no Laboratório de Imuno-hematologia, Setor de Hemoterapia, do Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca-MS), e membro do Comitê de Ética em Pesquisa do Inca.
Para ela, em uma grande pandemia como a que o mundo está enfrentando, o Biólogo desempenha um papel de extrema importância, utilizando as bases de dados do Ministério da Saúde, para verificar e correlacionar parâmetros epidemiológicos de incidência, frequência, taxa de mortalidade, fatores protetores, fatores de predisposição, entre outros, uma vez que, como a doença de Chagas, dengue, influenza humana etc., esta é uma doença de notificação compulsória que pode ser comunicada à autoridade de saúde por qualquer cidadão que dela tenha conhecimento.
“Por ser um profissional que estuda a vida, temos uma visão mais holística – indo além daquilo que se vê –, nossa formação acadêmica, muitas vezes voltada para a produção científica, nos dá o hábito de trabalhar por meio de metodologia científica, utilizando as ferramentas de bioestatística, necessárias para lidar com as bases de dados disponíveis para a vigilância epidemiológica”, explica a Bióloga.
A doutora diz que o mercado de trabalho existente abre algumas possibilidades, desde cargos relacionados à atenção básica em saúde, até cargos relacionados à pesquisa. O cargo de cientista ou pesquisador é bem difícil no Brasil. Há possibilidade de concursos para o cargo de tecnologista ou pesquisador, sobretudo para órgãos vinculados ao Ministério da Saúde e Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (Fiocruz e Inca, no Rio de Janeiro, por exemplo), sendo exigida legalmente a graduação no caso dos tecnologistas e o mestrado para os pesquisadores, mas necessário muitas vezes o doutorado, dada a competitividade dos poucos concursos promovidos.
De acordo com Bárbara Gadelha, nesta pandemia o Biólogo está atuando principalmente nas análises laboratoriais, fazendo os exames de análises clínicas e sorológicas. Os testes de RT-PCR e os testes rápidos (IgG e IgM) que estão sendo realizados no Brasil, podem e estão sendo processados por Biólogos em todo o país. Outros campos podem se abrir a partir da obtenção de plasma de pacientes curados para tratamento dos pacientes graves da Covid-19. Nesta área atuam os profissionais da hemoterapia formando uma equipe multidisciplinar. “Vale ressaltar que temos Biólogos que trabalham com biomatemática, bioestatística e pesquisa clínica, que também atuam no campo científico para o desenvolvimento dos diversos projetos de pesquisa que estão sendo feitos no Brasil. Outra contribuição dos Biólogos pouco conhecida, é a presença nos comitês de ética em pesquisa (CEPs) e na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), avaliando os projetos de pesquisa e verificando suas implicações éticas, aprovando ou não a sua execução”.
Diante da atual situação, Biólogos foram chamados pelo Ministério da Saúde a se cadastrarem no projeto “Brasil conta comigo” e a fazerem o curso Protocolos de Manejo Clínico do Coronavírus (Covid-19). O curso traz alguns conhecimentos sobre os sinais e sintomas da doença e como será realizado seu manejo nas unidades básicas de saúde, hospitais de referência e unidades de terapia intensiva. “Uma vez capacitados pelo curso, podemos ser requisitados pelo Ministério da Saúde para atuar de acordo com a demanda da pandemia”, finaliza.
Fonte: CRBio-02
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