21/05/25
A Bióloga Yara Barros foi reconhecida internacionalmente com o Prêmio Whitley, considerado o “Oscar Verde” da conservação ambiental. Com mais de 30 anos de dedicação à proteção da fauna brasileira, ela coordena atualmente o projeto Onças do Iguaçu, que atua na conservação da onça-pintada no Parque Nacional do Iguaçu. Segundo Yara, a onça-pintada é um predador de topo de cadeia e sua presença indica a saúde do meio ambiente. “Se um lugar está bom o suficiente para manter, no longo prazo, uma população de onças, por tabela também está bom para várias outras espécies. A onça garante a integridade do ambiente ao controlar a população de suas presas”, explica.
Receber o prêmio foi uma emoção enorme para a Bióloga. “É um processo de seleção muito difícil. Primeiro fiquei entre os 25, depois entre os 12 e, então, recebi a notícia de que tinha vencido. Foi maravilhoso. Um reconhecimento de décadas de esforço e dedicação, e também do trabalho excelente da minha equipe no projeto”, conta. A repercussão internacional da premiação surpreendeu Yara: “A gente tinha esperança de ganhar, mas não imaginava essa visibilidade toda. Ficamos muito felizes”.
Antes de trabalhar com onças, Yara atuou em outros projetos importantes, como a Conservação da Ararinha-azul. Passou pelo Ibama, pelo ICMBio, foi presidente da Sociedade de Zoológicos do Brasil e também trabalhou no Parque das Aves. Em 2018, recebeu o convite para assumir o projeto de conservação de carnívoros no Parque Nacional do Iguaçu. Ao assumir, reformulou o projeto, ampliou o escopo e criou o Onças do Iguaçu, com forte foco em coexistência e engajamento comunitário. “O que me motivou foi esse convite e a emoção que senti ao ver uma onça-pintada pela primeira vez. Durante uma campanha de captura, fiquei frente a frente com um macho, o “Croissant”, e olhando para aqueles olhos dourados, fiquei absolutamente encantada. A partir daí, minha vida tomou esse rumo.”
A missão do projeto Onças do Iguaçu é conservar a onça-pintada como espécie-chave da biodiversidade do parque, promovendo um futuro em que pessoas, onças e o Parque Nacional prosperem juntos. Para isso, o projeto investe em ações de educação ambiental e contato direto com a comunidade. Com programas como “Onça na Escola”, “Onça Itinerante”, “Bafo de Onça” (conversas em botecos), “Trilha da Onça” e outras atividades em eventos populares, a equipe busca mudar a percepção das pessoas sobre os grandes felinos. Também realiza quase 400 visitas por ano a propriedades nos arredores do parque para avaliar vulnerabilidades, orientar sobre manejo e oferecer alternativas de renda, como o projeto Onça Crocheteira.
“Tenho uma paixão absoluta pela conservação, um amor profundo pelas onças-pintadas e a certeza de que nosso trabalho faz diferença. Isso é o que me motiva todos os dias”, afirma Yara. Entre os momentos mais marcantes de sua carreira, ela destaca dois: ver o último indivíduo de ararinha-azul voando na natureza e sua primeira captura de uma onça-pintada. Com sensibilidade, competência e um trabalho incansável, Yara Barros mostra que a conservação da natureza é, acima de tudo, um compromisso com o futuro.
O reconhecimento internacional com o Prêmio Whitley não apenas consagra a trajetória de Yara Barros, mas também reforça a urgência e a relevância da conservação da biodiversidade no Brasil. Sua história inspira não só profissionais da área ambiental, mas toda a sociedade a compreender que proteger a natureza é um esforço coletivo, que começa com o respeito às espécies e se constrói com engajamento, ciência e paixão. Ao colocar a onça-pintada no centro de um projeto que une pesquisa, educação e envolvimento comunitário, Yara mostra que é possível conservar a vida selvagem de forma integrada, garantindo um futuro mais equilibrado para todos.