6/06/24
Por Maurício Petrucio*
Nesta semana extremamente importante venho ressaltar o papel dos biólogos na conservação e gestão das águas e valorizar a Resolução Nº 581 de 2020, do Conselho Federal de Biologia (CFBio), que versa sobre a competência do profissional biólogo como responsável técnico em processos de outorga de direito de uso de recursos hídricos.
Um campo de atuação do biólogo, desde o início do curso me chamou muito atenção, a área da gestão ambiental, principalmente das águas continentais. Esta dedica-se principalmente aos estudos dos ecossistemas, como os reservatórios, lagos, rios, lagoas costeiras e os estuários. Dentro desse universo, a atuação do biólogo é de suma importância pois, além da pesquisa e conhecimento da biodiversidade das espécies e dos parâmetros ambientais, é imprescindível estudar a estrutura e o funcionamento desses ambientes. Através do monitoramento contínuo dessas informações é possível atuar no gerenciamento e na conservação desses mananciais que são requisitos à vida.
Ações que causam degradação ambiental existem desde a formação das sociedades primitivas. Para produzir bens de consumo, energia, alimentos, e formar cidades, recorremos à natureza, transformando o que é matéria natural em recursos, que, por sua vez, são transformados em utilidades. Evidentemente, este modo de agir, que evidencia o domínio em vez de um diálogo harmônico com a natureza, produz consequências na vida prática que favorecem o surgimento de conflitos de interesse, que, infelizmente, vem aumentando nos últimos anos.
Neste contexto de muita complexidade, os biólogos, juntamente com outros profissionais, devem pensar na água como um recurso não apenas para o consumo humano, mas nos seus usos múltiplos, como prevê a nossa Constituição. É cada vez mais evidente que temos que dedicar nossos esforços para minimizar os efeitos das atividades antrópicas sobre os ecossistemas aquáticos, além de educar as pessoas com vistas a um futuro melhor.
A bacia hidrográfica deve ser a unidade de planejamento e gestão das águas e das unidades de conservação. Modificações climáticas e o aumento dos eventos extremos, são certamente preocupações e oportunidades para a atuação dos biólogos, visando a manutenção dos serviços ecossistêmicos que irão auxiliar no manejo e na conservação deste ambiente. A atuação do biólogo nos estudos da água é essencial para garantir o monitoramento, a qualidade das informações obtidas (in situ e no laboratório), e principalmente na divulgação de resultados obtidos, que vão contribuir com o ecoturismo e a educação da população. Essas ações irão contribuir com políticas públicas, práticas de saúde e soluções baseadas na natureza que irão permitir o uso sustentável e a conservação dos recursos hídricos para a atual e futuras gerações.
* O biólogo Maurício Petrucio possui mestrado e doutorado em Ecologia. É Conselheiro Titular do CFBio e Professor Titular do LIMNOS – Laboratório de Ecologia de Águas Continentais, do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Florianópolis.