11/08/22
Maurício Tavares, biólogo formado pela UFRGS, nasceu em Porto Alegre e morou grande parte dos seus 43 anos em Canoas. Em 2007, no entanto, mudou-se para Capão da Canoa, Litoral Norte do RS, concretizando um de seus sonhos de adolescente e se aproximando ainda mais do campo da biologia marinha. Com mestrado (2006) e doutorado (2011) realizados no Programa de Pós-graduação em Biologia Animal da Universidade, Tavares hoje trabalha no Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos da UFRGS (Ceclimar).
Refletindo sobre sua paixão pela biologia, Maurício relembra que sempre teve curiosidade a respeito da natureza. Isso se manifestava não apenas em algo simples como o interesse pelos documentários de Jacques Cousteau, como também em seu costume de guardar animais, como aranhas e serpentes, no álcool. Apesar disso, ingressou na UFRGS no curso de Engenharia Química. “Mas eu era o cara que usava uma touquinha vermelha igual ao Jacques Cousteau, de chinelo de dedo. Combinava mais com o pessoal que fazia Biologia”, recorda ele com humor.
“Na verdade, pensando hoje, eu não poderia ter feito outra coisa na vida a não ser Biologia.”
– Maurício Tavares
A biologia não se limita apenas à sua vida profissional. Maurício conheceu sua esposa, também bióloga, em 2007, quando ambos participavam de um projeto de monitoramento de fauna na usina hidrelétrica de Barra Grande. “Começamos a namorar em fevereiro de 2007, e hoje a gente tem três filhos.” Além disso, seus filhos também são protagonistas em seu projeto de extensão Fauna Marinha RS: as crianças são as narradoras de vídeos educativos animados, desenvolvidos pelo biólogo e sua equipe. “Foi meu filho na verdade que deu a ideia. Eu queria fazer uns vídeos animados”, conta ele sobre a sugestão do filho mais velho de criar um canal no YouTube.
Além do seu trabalho no Ceclimar e sua dedicação à pesquisa, o biólogo também destaca que sempre gostou de dar aula. Uma de suas experiências mais marcantes foi durante a graduação, em 2000, quando teve a chance de trabalhar em um cursinho popular da UFRGS (PEAC) como professor de Biologia. Relembra com orgulho que fotografava coisas que aprendia em seu curso para ilustrar as aulas. “Eu lembro que todo mundo virava as cadeiras para trás, e a gente projetava na parede do fundo. Ficava superbonito”, conta ele.
Seu trabalho no Ceclimar teve início em 2008, quando entrou como servidor depois de passar em primeiro lugar no concurso. Logo que Maurício entrou, já foi encarregado de montar uma coleção didática para o curso de Biologia. Hoje, ele se orgulha de ter começado uma coleção que conta com milhares de itens e que já foi utilizada em pesquisas que descreveram novas espécies. De acordo com o biólogo, isso também foi responsável por alavancar a produção científica do centro, que antes contava com um trabalho mais técnico. “Essas coisas são as que mais me marcaram: a formação da coleção didática que acabou culminando na formação de coleções científicas”.
“Falta às pessoas conhecerem o Ceclimar, para verem a potência que ele é.”
– Maurício Tavares
Maurício destaca a importância do trabalho e a competência do corpo técnico do centro. Além de projetos de extensão, o Ceclimar possui uma produção científica extensa, o único centro de reabilitação para animais marinhos e silvestres no Litoral Norte e um Museu de Ciências Naturais, que recebe de 10 mil a 15 mil visitantes por ano. No entanto, sua estrutura, idealizada em sua inauguração, há 45 anos, não comporta a grandiosidade do trabalho feito, segundo o biólogo. “A gente se vira com o que tem, mas daria para fazer um trabalho com mais excelência”, lamenta ele a respeito da falta de uma estrutura maior, com mais laboratórios e salas. “O Ceclimar hoje é protagonista, e a estrutura dele não comporta isso. Falta um investimento maior”, conclui.
Fonte: Jornal da Universidade UFRGS.